quinta-feira, 4 de março de 2010

Memória e História - A problemática dos Lugares

ENTRE MEMÓRIA E HISTÓRIA

Uma Interpretação a partir dos Conceitos de Pierre Nora


De acordo com os estudos de Pierre Nora, sobre a relação da memória com a História, ele apresenta o perfil de uma memória em crise. Sendo que Pierre aponta tal crise na memória interior, esta se refere na memória íntima. Apontemos três memórias que são tratadas no texto, a memória como arquivo, a memória como dever e a memória distância.

A primeira se refere à necessidade de materializar a memória interior, que passa a ver nos arquivos e museus suportes para fazer desta uma memória exterior. Tudo deveria ser registrado desde o vestígio mais simples até o depoimento oral. A partir do momento em que se arquiva compulsoriamente tudo, o todo pode perder a sua razão de ser. Mesmo porque é inviável se arquivar tudo, isto não só por razões financeiras mas também particulares, nem toda a memória quer ser recordada, e como materializar este ponto? Lacunas sempre existirão, por mais que os historiadores se esforcem pra trazer isto à realidade registrada. Portanto, é necessário saber o que arquivar, ou seja, o que de fato irá colaborar no crescimento de uma futura memória (no que a memória exterior auxiliará para a construção de uma memória interior).

Segundo o autor, a crise da memória interior se deu a partir do momento em que a memória tradicional foi sumindo, desta forma sentiu-se uma necessidade de se arquivar todos os vestígios, o que é apontado como Memória Dever. Este foi um momento em que as pessoas guardavam tudo sem nem saber de que tipos de memória são indicadores. Em decorrência dessas praticas os grupos que não possuíam a sua memória passaram a ser como historiadores de si mesmos, o que subtraiu o valor dos historiadores profissionais. Afinal para que haver historiadores se cada um poderia ser arquivista de sua própria memória? Para esta questão temos que apontar a metodologia dos historiadores, que mantém um compromisso em sua analise. Críticos ou não, cada um segue a sua escola com métodos de pesquisa e prioridades.

A última memória que é apontada por Nora é a Memória Distância, mas para entendê-la é válido ressaltar que para a história-memória a história seguia uma reta, na qual se conhecia o passado para compreender o presente e desta forma se projetar o futuro. Portanto, era necessário conhecer o passado para que fizesse do presente um passado reconstruído. Com a nova tendência de formar uma história descontinua, o individuo não conhece o passado e a sua incerteza torna tudo em vestígio, tudo é um indicio suspeito. E sobre estas incertezas é que os historiadores devem se posicionar para apontar um rumo para um auto – conhecimento e assim organizar de forma adequada as memórias exteriores.


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