quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Karl Marx (1818 – 1883)




O alemão Marx estudou Direito e se formou como Doutor em Filosofia.
Um dos seus professores durante a faculdade foi Hegel, o qual exerceu grande influência sobre Marx.

Trabalhou como jornalista onde conheceu a figura do teórico Friedrich Engels, este que foi co-autor de vários trabalhos do Marx, incluindo o conhecido Manifesto Comunista.

Marx se mudou para Paris na década de 1840, onde posteriormente casou-se e teve sete filhos. Foi nessa época que teve contato com grupos de ideais socialistas, que somado com a crise social e econômica deste período na Europa, o seu envolvimento com a política era cada vez mais evidente.
Os temas debatidos e as teses que foram criadas por este filósofo, são de grande valor para diversas áreas das Ciências Humanas. O método dialético, luta dos contrários, propriedade dos meios de produção e o trabalho, são algumas temáticas analisadas por Marx e, por sua vez, serão apontadas, de forma breve, na sequência.


MÉTODO DIALÉTICO
A Dialética considera que as coisas, os acontecimentos e os pensamentos como algo que possuem uma relação mútua. Conforme Reinaldo Dias, em seu livro Fundamentos da Sociologia Geral, “no método dialético ‘o movimento do pensamento não é senão o reflexo do movimento real (...)’”. p.43.
O pensamento humano é determinado pelo mundo real e não o contrário, sendo este o reflexo dos movimentos reais. Válido apontar que esta noção o diferenciava de Hegel.
O método dialético possuí quatro características importantes, são elas:
- tudo se relaciona (lei da transformação universal e do desenvolvimento incessante);
- a mudança qualitativa;
- a luta dos contrários.

A primeira característica defende que todos os fenômenos devem ser considerados como um todo, isto significa que a análise dos acontecimentos não pode ser separada dos fenômenos que os cercam. Logo, tudo está relacionado, formando uma complexa teia de associações onde tudo se transforma, justamente por conta das ligações e influências entre os acontecimentos.
Nesse momento surgem o entendimento sobre as mudanças qualitativas (troca de uma qualidade por outra, snedo algo objetivo e previsível) e quantitativas (aumento ou diminuição de quantidade).
As mudanças qualitativas são aquelas aparentes e radicais do desenvolvimento da sociedade. São aceitas como sendo algo necessário e resultado de graduais mudanças quantitativas.
A luta dos contrários diz respeito as contradições internas dos fenômenos, tanto o lado positivo quanto o negativo. É a luta dos contrários que resultarão  mudanças, sendo que todo esse processo é explicado pela contradição.
A sociedade humana é o resultado entre a natureza (preservação) e os nossos ancestrais, sendo que os marxistas entendem que o conteúdo dessa luta é o trabalho.
Através do trabalho nossos ancestrais se agruparam na luta pela sobrevivência, o que deu origem as sociedades e suas formas de organização.

Foi o trabalho que realizou a passagem qualitativa do animal para o homem. A. Guilherme Galliano. Introdução à Sociologia. Harbra, 1981. p. 97.

Desta formação social surgiram contradições:
- Novas forças produtivas X Relações de produção antigas
- Luta de classes:
Classes exploradoras X Classes exploradas
- Capitalismo:
Burguesia capitalista (donos dos meios de produção) X Proletariado
No capitalismo o contraditório foi a concorrência, já que através desta foram definidos quem eram os mais fortes e, consequentemente, detentores do monopólio. Em seu livro O Capital, Marx avalia quais são as contradições do capitalismo.

Somente a unidade dialética é que pode explicar o desenvolvimento da sociedade, sendo que a unidade dialética é o trabalho e a produção.
A relação do Homem com a natureza é chamada de forças produtivas. Já a relação entre os homens dentro deste processo de produção, recebeu o nome de relações de produção. Entende-se a produção como sendo uma necessidade objetiva para o ser humano.
O que determinou o modo das relações de produção foi a prorpiedade dos meios de produção (ferramentas, máquinas, espaço físico e tudo que envolve as condições necessárias para produzir). Por este motivo, quando os marxistas querem definir o caráter dessas relações, tratam sobre a questão de quem possuí estes meios de produção. Marx entendia que era a produção a base para  toda a estrutura social.
A produção na sociedade capitalista só é estabelecida porque capitalistas e trabalhadores (proletariado) firmam uma relação. O empregador paga um salário ao trabalhador em troca do resultado de seu trabalho. Nesse âmbito, não podemos deixar de falar sobre o sentido da mais valia, que nada mais é que o excedente da produção que proporciona o lucro ao capitalista e exploração do trabalho do proletário.
Para entender melhor esse conceito, devemos imaginar a seguinte situação: o empregador paga ao seu funcionário um valor x, para que este fabrique 50 caçados em 2 horas. Porém, este empregado produz em média 75 calçados nesse tempo, esses 25 calçados extras constituem o excedente da produção – lucro para o empregador. O operário deveria ganhar pelo que produziu a mais, caso isso não ocorra nasce uma relação de exploração.
Esses conceitos iniciais que foram sintetizados nesse post nos preparam para a compreensão das propostas comunistas, que não incluiam “comer criancinhas”, como a tempos se pensou!






terça-feira, 2 de outubro de 2012

Nota de Falecimento: Eric Hobsbawn


 
 O historiador Eric Hobsbawn morreu ontem aos 95 anos, num hospital em Londres, decorrente de complicações causadas por uma pneumonia, que o mantinha hospitalizados a alguns meses.

 Hobsbawn foi um ilustre pesquisador, suas obras mais famosas são aquelas que fizeram parte da triologia: Era das Revoluções (abrange o período que vai de 1789 a 1848), Era do Capital (avalia os acontecimentos entre 1848 a 1875) e a Era dos Impérios (analise dos fatos ocorridos entre 1875 a 1914). 

Foi lançado na sequencia destes trabalhos, o livro intitulado como Era dos Extremos, está última abrange o período em que se inicia a Revolução Russa de 1917 e que vai até a queda do regime soviético, em 1991.

 Sem sombra de dúvidas a morte de Hobsbawn foi uma grande perda, mas os seus trabalhos são fundamentais e representam um grande legado.


” A única generalização cem por cento segura sobre a história é aquela que diz que enquanto houver raça humana haverá história.”
Eric Hobsbawn





sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O Suícidio de Getúlio Vargas

 




”Deixo a vida para entrar na História."




Essa frase ficou marcada na história política brasileira, quando o seu autor se suicidou, com um tiro no peito, no Palácio do Catete em 24 de agosto de 1954. Trata-se do episódio da morte do ex-presidente Getúlio Vargas, que ao perceber a sua eminente queda do poder.
Mas Getúlio Vargas não entrou para a história apenas por este episódio fatídico. Independente de suas tendências ideológicas, Vargas foi um homem que demonstrou de forma prática a sua inteligência e astúcia. Promoveu um importante crescimento econômico e oportunamente soube tirar vantagem de certos momentos complicados da história mundial.
Era um populista e isso, talvez, manteve a dosagem limite que impediu a instalação do caos, oriundo do seu autoritarismo.
Abaixo segue o teor da carta testamento, deixada por Vargas aos brasileiros:

 
 
  Brasileiros

Mais uma vez, a forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. 




   Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. 
A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. 


Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder. 



Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em
holocausto a minha vida. 
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão. 
E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História. 

(Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas)


Getúlio Vargas já foi mencionado em um dos temas de estudos deste blog, veja mais:

 http://coisasdavalk.blogspot.com.br/2010/02/breve-contexto-politico-e-cultural-do.html


Obs.: Faço uma homenagem ao meu querido colega Madson Vasconcelos que, por sua vez, está de aniversário hoje. Ao recordar este fato histórico, preferia ele que fosse uma data de nascimento ao invés de fúnebre. De qualquer forma, parabéns!