quinta-feira, 10 de maio de 2012

"O Senhor das Moscas" (Lord of the Flies)


 
O filme “O Senhor das Moscas”, dirigido por Harry Hook em 1990, é originário de um livro com mesmo título, escrito pelo inglês William Golding e publicado na década de 1950. Apesar de não ter tido grande repercussão na época, atualmente, configura-se como sendo possuidor de uma temática importante de ser abordada por diferentes áreas do conhecimento científico. 
Logo no início deste filme, vê-se um grupo de meninos de uma escola militar, que retornavam para casa e sobreviveram a um acidente de avião. Perdidos mar afora, foram levados, por força da natureza, a uma ilha na qual ficaram entregues a própria sorte e, no caso do desenvolvimento da história, instinto.

No começo, por conta do medo os garotos se aproximam, criam regras e dividem as tarefas. A necessidade das normas é apontada metaforicamente como sendo algo importantíssimo para garantir a sobrevivência. Visto que a questão existente no filme, do som de uma concha convocar uma assembléia e de só poder falar aquele que estivesse sob posse da mesma, surge logo nos primeiros 5 minutos do longa metragem.
Conforme a ilha vai sendo explorada e o medo se dissipa, alguns dos sobreviventes juvenis passam a desenvolver uma resistência as regras morais. Diante das alegações de que não haverá resgate algum, é proposto uma maior dedicação a caça e as brincadeiras, o que acarreta numa discordância entre os jovens. Sendo que, a disputa pelo “poder” os dividem em dois grupos.

Na foto Ralph (o ético) e Jack  (o primitivo caçador)

 O interessante é que aqueles que apoiavam Ralph (líder inicial), eram em grande maioria os mais jovens. Os garotos que seguiam as propostas de Jack (líder dos “caçadores”) eram mais velhos, logo tinham o físico mais desenvolvido. Parece que o autor do livro cria uma analogia entre a fraqueza da moralidade e força dominadora do poder, medo e violência.

Meninos do grupo dos "caçadores".
 
Não podemos nos esquecer de que o período em que foi desenvolvido este livro é o pós-guerra, onde pairava uma nuvem de descrença quanto a raça humana, frente a um ressentimento em relação ao limite da violência que esta pode produzir. Por outro lado, era recente o nascimento da luta em prol da proteção dos Direitos Humanos, no qual teve como símbolo a proclamação da Declaração Universal desses direitos em dezembro de 1948.
Em plena confusão ocasionada pela II Guerra Mundial (1939-1945), nos quais os governos reaprendiam qual era a forma ideal de se fazer uma política democrática, surge esta história enaltecendo a importância da ordem e justiça. Bem como apontando o perigo que pode ser gerado por uma liderança fundada no medo.
A partir deste filme, pode ser feita uma grande discussão em sala de aula sobre a ética e a moral do ser humano, além da necessidade da ordem nas relações entre os indivíduos e/ou  sociedade. Caso seja utilizado como ferramenta de estudo sobre a II Guerra Mundial, também há a possibilidade de aproximar o assunto com os dias atuais, tratando sobre o crime organizado/ poder paralelo existente em bairros carentes.
De qualquer forma, é uma ótima fonte para criar uma aula em que a interpretação dos alunos seja desenvolvida.

Bom filme e pipoca para todos!